sábado, 10 de julho de 2010

Impressão digital


Impressão digital


Os meus olhos são uns olhos.

E é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos

onde outros, com outros olhos,

não vêem escolhos nenhuns.


Quem diz escolhos diz flores.

De tudo o mesmo se diz.

Onde uns vêem luto e dores,

uns outros descobrem cores

do mais formoso matiz.


Nas ruas ou nas estradas

onde passa tanta gente,

uns vêem pedras pisadas,

mas outros gnomos e fadas

num halo resplandescente.


Inútil seguir vizinhos,

que ser depois ou ser antes.

Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos

D. Quixote vê gigantes.


Vê moinhos? São moinhos.

Vê gigantes? São gigantes.


(António Gedeão, Impressão digital, em Poesias Completas)

5 comentários:

Anónimo disse...

eu vejo gigantes

AFRICA EM POESIA disse...

eu vejo magia


NEM SEMPRE



Nem sempre o que parece é!
Nem sempre o que se pensa se faz!

Nem, sempre o que apetece se pode fazer!
Nem sempre a vida nos deixa fazer o que queremos!

Nem sempre o que luz é ouro!
Nem sempre estamos, quando estamos!

Nem sempre somos, quando somos!
E sendo assim...

Neste mundo o que muitas vezes parece, não é nada!
É apenas ilusão e miragem!...

Porque nem sempre...
O que parece é!...

LILI LARANJO

Ana Luar disse...

Que janelas fabulosas que nos deixam ver sem receio tudo o que queremos ver......... sejam moinhos ou gigantes deveremos ver à medida do nosso tamanho.

ADOREIIIIIII este canto Cantigueiro........Que saudades!

frioleiras disse...

moinhos. será que com moinhos se podia sonhar num d. sebastião que devolvesse a credibilidade a este país? lembrei-me do d. quixote, claro!
só por quixotismo ainda se acredita que a república foi o que de melhor aconteceu em portugal! claro!_________

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Eu vejo moinhos gigantes. Fantasias...
Excelente escolha de texto. Mais uma vez, curtindo seus blogs. Um Ano Novo de bons augúrios, Sam.