sexta-feira, 6 de março de 2009

Fado dos contentores

É impressão minha, ou isto é um bocado "fraquinho"?


Fado dos Contentores


Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.

E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.

Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.

Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.

Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.

Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.

[Manuel Alegre, 04.03.2009]

2 comentários:

Nuno Guimas disse...

Podia muito bem ser dos Xutos :)

CR disse...

Alegre nunca foi um poeta notável, sempre tendo estado a milhas de Eugénio de Andrade, Natália Correia ou, mesmo se falarmos de "song-writers", do saudosíssimo Ary dos Santos. Mas este faducho é muito pobrezinho mesmo.